Câncer de intestino: uma doença muito comum, perigosa e ainda diagnosticada tardiamente - Blog - Hospital Evangélico

23/09/2024

Câncer de intestino: uma doença muito comum, perigosa e ainda diagnosticada tardiamente

O câncer de intestino é um dos mais prevalentes no Brasil – é a doença que afetou Preta Gil e Pelé, por exemplo. As chances de cura são altas quando diagnosticado cedo. Aprenda como reconhecê-lo.

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O câncer de intestino – também conhecido como câncer colorretal, já que afeta tanto a porção superior do intestino, chamada de cólon, quanto a final, o reto (além do ânus) – é o segundo mais comum no Brasil, tanto entre homens quanto em mulheres. Perde apenas para o câncer de próstata e o de mama. No mundo, é o 3º tipo mais comum, correspondendo a cerca de 10% dos casos da doença.

Nos últimos anos, esse tipo de câncer ganhou as manchetes na mídia brasileira, já que afetou personalidades como a cantora Preta Gil e o ídolo do futebol Pelé. Falaremos mais sobre estes casos adiante.

Mesmo sendo tão prevalente, você sabe como reconhecer o câncer colorretal? Identificar quais são os sinais e sintomas iniciais da doença? E o que fazer para se prevenir? É o que vamos descobrir hoje!

Segundo o Instituto Nacional de Câncer, o Brasil registra cerca de 40 mil novos diagnósticos de câncer do intestino anualmente. 70% dos casos estão concentrados nas regiões Sul e Sudeste.

Sinais e Sintomas do Câncer Colorretal

O câncer do intestino, infelizmente, é uma doença silenciosa. Isso significa que ela avança de maneira pouco perceptível por um longo tempo, e quando a pessoa percebe que está doente, o câncer pode já estar bastante avançado. Todavia, conhecendo bem o seu corpo, é possível perceber com antecedência sinais de que algo não vai bem no intestino.

Quanto mais cedo o câncer for diagnosticado, maiores as chances de cura.

O principal é estar atento(a) à frequência com que se vai ao banheiro. Ao longo da vida, todo mundo acaba aprendendo ‘como seu intestino funciona’, isto é, qual a periodicidade ‘média’ de evacuação. Isso varia amplamente de pessoa para pessoa, de acordo com a dieta seguida, a quantidade de água e fibras ingeridas, níveis de stress e até mesmo o tanto de exercícios físicos realizados. Mudanças nesses padrões exigem atenção.

Por exemplo, pessoas que costumavam ter alguns dias de constipação e, de repente, passam a ir ao banheiro todos os dias, sem motivo aparente, precisam ligar o alerta. O mesmo vale para quem ia ao banheiro com regularidade, e de repente se sente constipado(a).

Mudanças no padrão de evacuação são comuns ao longo da vida, mas devem ser sinal de alerta caso se tornem recorrentes.

Na maioria dos casos, os estágios iniciais do câncer colorretal são assintomáticos. Por isso, exames de rastreamento são tão importantes (conheceremos mais sobre eles a seguir).

Além das mudanças nos hábitos intestinais, outros sinais que podem indicar um câncer colorretal são:

  • A perda de peso sem motivo aparente
  • Anemia
  • Inchaço e/ou dor abdominal (foi o que levou ao diagnóstico da cantora Preta Gil)
  • Em casos avançados, é possível até mesmo sentir uma ‘massa’ endurecida na região abdominal
  • Cansaço extremo

A presença de sangue nas fezes também é um sinal importante de que algo não vai bem no intestino, e pode ser um sintoma de câncer. Ele é particularmente importante porque, no geral, indica uma doença em estágio já avançado – portanto, caso perceba qualquer sinal de sangue ao ir ao banheiro, procure rapidamente orientação e ajuda médica.

O SETEMBRO VERDE

Setembro é um mês repleto de campanhas de conscientização sobre problemas de saúde, e uma das principais é o Setembro Verde, focada no câncer de intestino. Criada em 2015 por sociedades médicas brasileiras, tem o objetivo de divulgar informações sobre diagnóstico precoce e a importância de bons hábitos de vida na prevenção da doença.

Exames Diagnósticos

Atualmente, existem exames bastante simples e de baixo custo que ajudam a identificar a doença mesmo em seus estágios iniciais – o que é excelente para quem possui predisposição genética e quer se manter protegido.

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Um deles é o exame de sangue oculto nas fezes. Este é um dos testes mais pedidos, por ter resultados sensíveis e capazes de identificar quantidades de sangue não perceptíveis a olho nu. A preparação para o exame é fácil, e indica-se a coleta das fezes em 03 dias distintos. Além do câncer colorretal, ele ajuda a diagnosticar doenças importantes como pólipos, úlceras e demais lesões gástricas, colite e doença de Crohn.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2020 houve mais de 1.9 milhão de novos casos de câncer de intestino no mundo, além de 930 mil falecimentos decorrentes da doença. Isso torna o câncer colorretal como o 2º tipo de câncer mais letal. O cuidado com o diagnóstico precoce, portanto, é fundamental.

Outro exame muito importante é a colonoscopia. Por meio de equipamentos de imagem, a equipe médica explora o intestino do paciente em busca de quaisquer alterações que possam indicar problemas de saúde. A partir do próprio exame é possível realizar biópsias de regiões de interesse. A colonoscopia é um exame de altíssima precisão, sendo um dos métodos diagnósticos mais eficientes no arsenal dos médicos. Tanto que, para pessoas com histórico familiar de doenças intestinais – inclusive o câncer colorretal –, indica-se a realização de colonoscopia a partir dos 40 anos de idade (ou então 10 anos antes da idade do parente mais jovem que teve a doença – por exemplo, se um parente próximo foi diagnosticado com câncer de intestino aos 45 anos, indica-se colonoscopia a partir dos 35 anos). Para pessoas sem fatores de risco, a indicação é iniciar as colonoscopias aos 45 anos.

O Ministério da Saúde brasileiro indica a realização de rastreio do câncer intestinal a partir dos 50 anos, via exames de sangue oculto nas fezes. Em caso positivo, segue uma colonoscopia. Estes exames devem ser realizados, no mínimo, a cada 02 anos.

Ao conversar com seu médico, ele poderá indicar a frequência ideal para realização destes testes. Em alguns casos – como aqueles em que há histórico familiar da doença -, poderá ser anual. A partir dos 50 anos, é comum a orientação de realizá-los a cada 02 anos.

 

Quem é Afetado pelo Câncer de Intestino?

A grande maioria dos casos de câncer colorretal acontece em pessoas acima dos 50 anos (foi o caso de Pelé, diagnosticado já na terceira idade). Por isso, exames preventivos são tão importantes nessa faixa etária. De acordo com a OMS, cerca de 60% dos diagnósticos são feitos em pessoas entre 50 e 75 anos.

Médicos de todo o mundo estão preocupados, todavia, com uma mudança nesse padrão de diagnósticos. Isso porque, nos últimos anos, o número de pessoas mais jovens que desenvolveram esse tipo de câncer tem crescido, especialmente em áreas urbanizadas. Fatores como sedentarismo, sobrepeso e má alimentação (baseada em poucos produtos naturais e muitos ultraprocessados) têm sido vistos como potenciais responsáveis por esse aumento.

Como vimos acima, a má alimentação e o sobrepeso/a obesidade são fatores de risco para a doença, assim como o tabagismo e o consumo excessivo de álcool. Muito se menciona, também, a hereditariedade. Estima-se que de 5 a 10% dos casos de câncer de intestino tenham a ver com fatores genéticos – ou seja, são a minoria dos diagnósticos. Pesquisas indicam que o risco aumenta em pessoas que têm parentes de 1º grau (como pais, irmãos ou filhos) que desenvolveram a doença. Outro fator de risco é ter sido diagnosticado previamente com pólipos adenomatosos, ou ter inflamação crônica intestinal (como doença de Crohn e colite ulcerativa).

 

Como é Feito o Tratamento do Câncer do Intestino?

O tratamento do câncer do intestino é normalmente realizado via cirurgias, seguidas por quimio ou radioterapia. Vale lembrar que, quanto antes o diagnóstico for feito, melhor e mais efetivo será o tratamento.

Quando um paciente é diagnosticado com câncer colorretal, é realizada uma extensa avaliação de sua saúde e do impacto da doença no intestino e em órgãos ou regiões ao redor. A depender do quanto a doença esteja restrita ou já tenha se espalhado, opções terapêuticas serão selecionadas pelos médicos. São avaliados parâmetros como o estágio em que o câncer se encontra, se é localizado ou metastático e qual a parte do intestino afetada.

No geral, caso o câncer se encontre nas regiões mais superiores, é realizada cirurgia de remoção do tumor, normalmente seguida por quimioterapia. Câncer na porção mais baixa do intestino (como no reto) usualmente demanda sessões de radioterapia.

 

Existem Formas de se Prevenir?

Estudos bastante abrangentes, que acompanharam a saúde de milhares de pessoas ao longo de décadas em todo o mundo, identificaram alguns fatores que parecem proteger o corpo do aparecimento do câncer de intestino.

Dentre os hábitos de vida relacionados à menor incidência de câncer de intestino estão:

 

  • Seguir, ao longo dos anos, uma dieta balanceada, assim como manter o peso em níveis adequados ao peso e à idade
  • Ter uma alimentação repleta de fibras, frutas, verduras e água
  • Quanto às carnes, ter um baixo consumo de carnes vermelhas e processadas
  • Evitar alimentos ultraprocessados
  • Evitar cigarro e álcool em excesso
  • Praticar atividades físicas regularmente, evitando o sedentarismo.

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O Caso da Cantora Preta Gil

Talvez você esteja acompanhando as evoluções da saúde da cantora Preta Gil. Ela foi diagnosticada com câncer colorretal no início de 2023, após ter sido internada por causa de fortes dores abdominais. Em agosto daquele ano, foi realizada uma cirurgia para retirada do tumor. No final do ano, Preta anunciou o fim do tratamento, com sucesso, após ter realizado um procedimento de reconstrução de parte do intestino.

Ao longo dos meses, a cantora compartilhou com seus milhões de seguidores a rotina intensa de cuidados com a saúde e as adequações que o tratamento do câncer exigiu em sua rotina. Tão importante quanto o cuidado médico foi o carinho e afeto da família, dos amigos e dos fãs, que ajudaram a superar os momentos mais difíceis do processo de cura com a cabeça erguida e positividade.

Este ano, infelizmente, o câncer retornou – porém não no intestino. Em agosto, Preta informou o público de que os médicos haviam identificado tumores em dois linfonodos, no peritônio e uma lesão no ureter. Com isso, ela reiniciou tratamentos quimioterápicos. O caso é importante porque destaca um fator relevante no tratamento do câncer: a recidiva, isto é, quando a doença retorna após um tratamento bem-sucedido. Isso ocorre porque o tratamento, mesmo hiperdirecionado, pode ‘deixar escapar’ algumas células de câncer, capazes de se multiplicar tanto na região original quanto em outras partes do corpo. No caso do câncer de intestino, a recidiva é mais comum até 02 anos após a conclusão do tratamento inicial. Depois de 05 anos, raramente aparece.

 

Sem Tabus: Fique Atento à sua Saúde Intestinal

Como vimos, o câncer de intestino é uma doença perigosa, e o tratamento nem sempre é fácil. Ele ainda resulta em alta mortalidade, justamente porque, na maioria dos casos, o diagnóstico ocorre de forma tardia.

Por isso, nesse Setembro Verde, a ordem é não ter tabus quando o assunto é intestino! Sintomas como diarreia, constipação, gases e cólica, apesar de ‘desagradáveis’ de conversar com outras pessoas (inclusive o médico) devem ser investigados sempre que algo de anormal for percebido.

Sinais que envolvam sangue nas fezes, também – muitas pessoas acham que eles são decorrentes de outros problemas de saúde, como hemorroidas, e acabam não procurando ajuda médica. Lembre-se: atualmente, câncer de intestino tem cura – se descoberto cedo, as chances de sucesso estão acima dos 90%. Por isso, previna-se e cuide muito bem da saúde de seu intestino, conhecendo como ele funciona e mantendo-se atento a quaisquer mudanças.

 

 

Para saber mais:

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