Câncer de ovário: conheça os sinais, sintomas e tratamentos - Blog - Hospital Evangélico

31/05/2024

Câncer de ovário: conheça os sinais, sintomas e tratamentos

Geralmente diagnosticado tardiamente, o câncer de ovário exige muita atenção. Saiba como identificá-lo.

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O câncer de ovário é um dos temas mais importantes a serem discutidos quando o assunto é saúde da mulher.

Afinal, a doença possui uma incidência relativamente alta, pode ser grave e costuma ser diagnosticada muito tardiamente, o que dificulta os tratamentos. Os sintomas podem ser confundidos com outras doenças, e ainda não existe um exame diagnóstico específico para ela. Por todos estes motivos, é importantíssimo prestar atenção ao corpo e aprender mais sobre esse tipo de câncer. Se nada mudar, dentro de 30 anos a incidência da doença deverá aumentar em 55%, e a mortalidade em quase 70%.

Maio é o mês do câncer de ovário, e o dia 08 foi escolhido como o principal da campanha. O Dia Mundial do Câncer de Ovário (08/05) foi estabelecido em 2013 e já é lembrado por mais de 200 organizações em todo o mundo. Em 2023, posts em redes sociais sobre a data alcançaram quase 200 milhões de pessoas.

Há muito o que pode ser feito a fim de se proteger contra o câncer de ovário, como veremos a seguir. Conhecê-lo é a nossa primeira missão – e isso tem tudo a ver com sabermos mais sobre o nosso próprio corpo e sobre a saúde de nossa família. Novas terapias e tecnologias médicas surgem a cada ano, melhorando o prognóstico da doença, como discutiremos ao final do texto. O diagnóstico precoce continua sendo uma das principais armas nessa batalha.

Ao longo do mês de maio, diversos eventos ao redor do mundo buscam informar a população sobre o câncer de ovário e estimular entidades e governos a dedicar mais recursos ao seu combate. O Instituto de Oncologia de Sorocaba e o Hospital Evangélico fazem parte destes esforços! Confira, a seguir, as informações mais relevantes que você precisa saber sobre o câncer de ovário e tire suas dúvidas conosco.

 

Câncer de ovário: um panorama sobre a doença

Aqui no Brasil, é o 2º tipo de câncer ginecológico mais comum, atrás apenas do câncer de colo de útero em incidência. Dentre todos os tipos de câncer que mais afetam as mulheres brasileiras, o de ovário está na 7ª colocação.

No mundo, esse tipo é a 8ª forma de câncer mais comum entre mulheres, com mais de 320 mil diagnósticos anuais.

O termo ‘câncer de ovário’, aliás, não se refere a apenas a uma doença, mas a um conjunto delas, que podem afetar, além dos ovários em si, também as trompas e a cavidade peritoneal primária.

 

Sinais & sintomas do câncer de ovário

O câncer de ovário é considerado uma doença ‘silenciosa’, já que pode demorar anos até que os sintomas incomodem a ponto de fazer a mulher procurar auxílio médico. Além disso, muitos dos sinais iniciais podem ser confundidos com outras condições, como veremos logo a seguir. Por isso, não é incomum o câncer ser diagnosticado quando já está bastante avançado, o que dificulta o tratamento.

Fique atenta caso tenha quaisquer dos sintomas abaixo, e procure ajuda médica a fim de identificar suas causas:

 

Sinais de “inchaço”

  • Sensação de inchaço na região abdominal, ou percepção de que a região aumentou
  • Sentir-se satisfeita rapidamente após comer (mesmo que seja pouco)
  • Sensação de desconforto na região pélvica
  • Perda de peso
  • Dificuldade para comer
  • Dores nas costas
  • Cansaço extremo
  • Alterações nos padrões de evacuação (como constipação)
  • Vontade frequente de urinar
  • Outro sintoma menos frequente, mas que exige atenção, são sangramentos pós-menopausa.

Um estudo recente, realizado com mais de 1.500 mulheres de todo o mundo que convivem com o câncer de ovário, mostrou que 09 entre 10 delas tiveram múltiplos sintomas da doença antes do diagnóstico, não importa o tipo ou a gravidade do câncer. 66% delas não conheciam o câncer de ovário antes do diagnóstico (o que pode ter contribuído para uma identificação tardia da doença). Por isso, todo a atenção à saúde do corpo é essencial.

 

Quais são os fatores de risco para o câncer de ovário?

Hoje em dia, os pesquisadores já sabem que existe um forte componente genético e hereditário para o câncer de ovário. Isso é importantíssimo, já que pode ajudar tanto na busca por tratamentos mais eficientes quanto na prevenção da doença em mulheres com histórico familiar ou que nasceram com certas alterações genéticas que aumentam os riscos.

Além da genética, outros fatores são correlacionados a probabilidades elevadas de surgimento desse câncer. Veremos todos eles a seguir.

 

Fatores genéticos

Mutações em alguns genes já foram correlacionadas a maiores riscos para esse câncer. Tais genes incluem o BRCA1 e BRCA2 (também relacionados ao câncer de mama). Seu médico poderá requisitar exames de análise genética a fim de compreender melhor a composição de seus genes e quais os riscos associados a eles.

Vale lembrar que parte destas mutações pode ter sido herdada de parentes da linhagem direta, como mãe, avós e bisavós, tanto da parte da mãe quanto da parte do pai. Caso tenha parentes que tiveram câncer de ovário, de mama, do endométrio ou colorretal, avise seu médico sobre isso.

Pesquisas indicam que de 20 a 25% das mulheres diagnosticadas com câncer de ovário tinham uma tendência hereditária de desenvolver a doença. Desses casos, de 10 a 15% estão relacionados a mutações nos genes BRCA1 e BRCA2.

Fatores relacionados à idade

  • O câncer de ovário é mais comumente diagnosticado em mulheres entre 50 e 79 anos.
  • Pesquisas indicam que mulheres que começaram a menstruar mais cedo do que o normal ou que entraram em menopausa mais tarde que o habitual podem ter chances maiores para esse câncer. Caso algum desses seja o seu caso, converse com seu médico a respeito.

 

Existem maneiras de se prevenir?

Existem, sim! A mais importante: faça exames regulares e converse com seu médico sobre sua saúde, todos os anos. Esse acompanhamento é essencial a fim de determinar riscos para diversas doenças e identificar o mais cedo possível quaisquer problemas ou alterações que possam aparecer em seu corpo.

Pesquisa Datafolha de 2019 mostrou que 13% das brasileiras não costumam ir ao ginecologista – são mais de 10 milhões de mulheres que estão correndo riscos por não cuidarem ativamente de sua saúde. Desse total, 5% afirmaram que jamais visitaram esta especialidade médica.

Conversar com o médico sobre o histórico familiar de doenças é uma forma importante de se prevenir. Caso tenha parentes próximos (seja da linhagem materna ou da paterna) diagnosticados com câncer, avise o médico sobre isso. Talvez seja necessário receber um aconselhamento genético. Em algumas situações, após essa análise do quadro familiar e dos genes, pode-se determinar que o risco é muito alto do câncer de ovário surgir, e até mesmo cirurgias protetoras (em que os ovários são removidos) podem ser sugeridas.

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Uma outra forma de proteção é o uso de contraceptivos. Estudos mostram que o uso regular está associado à menor incidência da doença. Estimativas apontam que, para cada 05 anos de uso de contraceptivos hormonais, o risco de desenvolver o câncer de ovário cai 20%. Todavia, é importante conversar com sua ginecologista sobre o assunto, já que esses medicamentos também possuem efeitos colaterais que precisam ser levados em consideração.

 

Como é feito o diagnóstico?

Até o momento, não existe um exame específico para detectar o câncer de ovário. O diagnóstico é feito a partir da análise dos sintomas e de exames complementares, como o exame pélvico, o ultrassom transvaginal ou pélvico e exames de sangue. É comum ser requisitado exame de sangue capaz de identificar proteínas comumente encontradas em células tumorais, como o teste para CA 125.

Em alguns casos, o médico poderá pedir exames genéticos, com o objetivo de determinar se a paciente possui mutações associadas a este tipo de câncer, ou exame de imagem (como tomografias) como parte do diagnóstico. A forma definitiva de confirmação da doença é por meio de biopsias.

 

Tratamentos para câncer de ovário

Até pouco tempo atrás, havia basicamente duas maneiras de tratar o câncer ovariano: cirurgia e quimioterapia. Atualmente, novas terapias estão sendo estudadas e testadas, muitas delas com resultados extremamente promissores.

As cirurgias envolvem a remoção de um ou de ambos os ovários (e/ou de suas trompas), a depender do quão espalhada já esteja a doença. É uma estratégia muito utilizada nos casos iniciais. Caso a paciente tenha óvulos congelados ou utilize óvulos de doadores, ela ainda poderá engravidar, já que o útero é mantido intacto. Todavia, há casos em que a remoção do útero é recomendada, caso a doença tenha se espalhado também a este órgão.

A quimioterapia pode ser utilizada tanto depois das cirurgias, a fim de destruir quaisquer células tumorais remanescentes, quanto antes, já ‘preparando’ o corpo para melhor combater a doença.

As principais estratégias modernas incluem o uso de terapias hormonais (bloqueando os efeitos do estrogênio nas células tumorais e levando-as à morte), de anticorpos monoclonais (esses anticorpos se unem a proteínas específicas das células tumorais e impedem seu crescimento) e dos chamados inibidores de PARP (medicamentos que ‘atrapalham’ as vias metabólicas das células do câncer, destruindo-as).

Além disso, tão importante quanto o tratamento é a prevenção. Afinal, como vimos acima, quanto antes o câncer for diagnosticado, melhores as chances de cura. Grupos de pesquisa estão estudando no momento formas de criar testes diagnósticos específicos para a doença – incluindo uma análise genética para marcadores do câncer de ovário realizada a partir da coleta simples e não-invasiva de fluido vaginal.

Atualmente, menos de 20% das mulheres recebem um diagnóstico precoce de câncer de ovário (o que ajudaria em muito o processo de tratamento).

Neste mês de maio, vamos colocar o câncer de ovário em evidência. Quanto mais soubermos sobre a doença, mais fácil é prestar atenção aos sinais do corpo e buscar auxílio médico sempre que algo de errado surgir. De qualquer maneira, é importante ressaltar que existem muitos diagnósticos de tumores de ovário que são benignos. Além disso, alguns deles nem mesmo exigem tratamentos avançados, portanto estar com a doença não necessariamente significa um período negativo pela frente. E tenhamos a certeza de que, a cada ano que passa, os avanços na medicina ajudam a cuidar com maior atenção e carinho de quem precisa lutar contra essa doença.

 

 

Para saber mais:

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