Vamos conversar sobre leucemia? (Fevereiro Laranja) - Blog - Hospital Evangélico

20/02/2024

Vamos conversar sobre leucemia? (Fevereiro Laranja)

Entenda o que é a leucemia, sua relação com a medula óssea e por que a doação é tão importante!

HES - Fevereiro Laranja - Leucemia- Capa

O mês de fevereiro é uma ótima oportunidade para conversarmos sobre um tipo de câncer que exige muita atenção, ainda cercado de medos (especialmente porque afeta crianças pequenas) e de dúvidas, assim como sobre uma das formas mais bonitas de ajudar quem está passando por tratamentos contra essa doença. O tema do mês é a leucemia.

Estamos no Fevereiro Laranja, data especial de conscientização sobre a doença. Além de aprendermos mais sobre a leucemia, a campanha é uma ótima chance para discutirmos, também, a doação de medula óssea – uma forma de ajudarmos, ativamente, a combatê-la!

Iniciamos nossa conversa com um painel geral sobre a leucemia – o que é, quem afeta, quais são os sinais e sintomas – e finalizamos com questões importantes sobre a doação. Vamos lá?

 

Leucemia: o que é isso?

Em termos simples, leucemia é um tipo de câncer que afeta células do sangue.

A leucemia normalmente está relacionada a células chamadas de glóbulos brancos – verdadeiros ‘guerreiros’ que nos protegem de infecções. Presentes no sangue, estas células são componentes importantíssimos do nosso sistema imune.

Na leucemia, há a produção constante de glóbulos brancos anormais, isto é, que não funcionam como deveriam. Com o passar do tempo, essas células defeituosas acabam ‘tomando espaço’ dos glóbulos brancos saudáveis, o que torna o sistema imune comprometido, enfraquecido.

Além disso, a multiplicação das células cancerosas afeta, também, a produção de outros tipos celulares sanguíneos essenciais à saúde e à defesa do corpo.

Os tratamentos para a leucemia são complexos e relativamente longos. Eles têm o objetivo de impedir a produção de glóbulos brancos ‘defeituosos’. Em alguns casos, isso envolve o transplante de medula óssea (que é, lembremos, a ‘fonte’ dos glóbulos brancos).

Justamente pelos tratamentos serem complexos e longos, é preciso estar atento aos sinais e sintomas da doença, assim como conhecer as formas de prevenção. Campanhas como o Fevereiro Laranja compartilham informações sobre a leucemia e, ainda, estimulam a doação de medula, a fim de ajudar pessoas em estágios avançados da doença

Incidência da leucemia

No Brasil, o Ministério da Saúde estima em cerca de 10 mil o número de novos diagnósticos anuais da doença, com leve prevalência entre os homens. Trata-se do 9º tipo de câncer mais comum entre eles, e o 11º entre as mulheres.

Em 2020, a Organização Mundial da Saúde registrou cerca de 474 mil casos da doença no mundo – o 13º tipo mais comum de câncer.

A leucemia é o câncer mais frequente na infância, sendo relacionada a alterações genéticas do desenvolvimento. Nos adultos, costuma aparecer com o tempo, sendo mais frequente a partir dos 55 anos, por ser relacionada a exposição a agentes tóxicos.

 

O que é e o que faz a medula óssea?

Como mencionamos anteriormente, uma das formas de tratar a leucemia é pelo transplante de medula óssea. Antes de conversarmos sobre esse tema, vale responder a dúvida: afinal, o que é a medula óssea?

Esse nome ‘medula’ já revela onde no corpo esta estrutura importantíssima se encontra: no ‘meio’ – mais exatamente, no centro de alguns ossos chatos (como o esterno, o crânio e a pélvis) e de ossos longos, como úmero e fêmur.

A medula óssea é o local onde encontramos células extremamente importantes: as células-tronco pluripotentes. Essas células são capazes de se ‘transformar’ em diversos tipos celulares distintos, sendo importante ‘fábrica’ de vários componentes essenciais do nosso corpo.

É na medula óssea que as células vermelhas, as brancas e as plaquetas são geradas, a partir das células-tronco. Todas essas são células ‘passeiam’ pelo organismo inteiro via corrente sanguínea – é por isso que a leucemia é chamada de ‘câncer do sangue’. Daí deriva, também, a periculosidade da leucemia: as células cancerosas produzidas na medula atingem facilmente o organismo inteiro, infiltrando gânglios linfáticos, sistema nervoso central, fígado, baço e demais órgãos, tudo isso via sistema circulatório.

Ter uma medula óssea saudável, portanto, é de extrema importância para nosso bem-estar.

 

Leucemia: principais sintomas

Vimos que a leucemia afeta diretamente o sistema de defesa do corpo. Afeta, também, direta ou indiretamente, outras células do sangue que não fazem parte do sistema imune, como as células vermelhas, que transportam oxigênio. Por isso, sintomas relacionados a infecções e ao cansaço são alguns dos mais comuns em pessoas com leucemia.

Os principais sintomas associados à doença são:

  • Cansaço, fadiga, fraqueza
  • Anemia
  • Febre
  • Perda de peso e de apetite
  • Infecções constantes
  • Pneumonia
  • Desconforto abdominal
  • Dores no corpo
  • Sensação de ‘palpitação’ no peito
  • Gânglios linfáticos inchados
  • Aftas e sangramentos bucais

 

Tipos de leucemia

A leucemia é uma doença complexa: existem 4 tipos principais da doença, que variam de acordo com a velocidade de evolução e com as células sanguíneas afetadas.

A classificação básica é entre leucemia aguda e leucemia crônica. No primeiro caso, as células afetadas são imaturas, de rápida multiplicação – por isso mesmo, esses casos são ‘agudos’, agressivos, e exigem tratamento imediato. As leucemias crônicas demoram mais tempo para afetar o corpo – os sintomas podem surgir muitos anos após o início da doença –, e envolvem células do sangue mais maduras.

Dentro destas classificações, os tipos mais comuns são:

  • Leucemia Linfocítica Aguda (LLA): tipo mais comum em crianças pequenas.
  • Leucemia Linfocítica Crônica (LLC): tipo crônico mais comum em idosos.
  • Leucemia Mieloide Aguda (LMA): ocorre em crianças e em adultos. É o tipo agudo mais comum em adultos.
  • Leucemia Mieloide Crônica (LMC): atinge principalmente adultos a partir de 30 anos.

 

Existe relação entre a incidência da leucemia e algumas profissões?

De tão complexa, a leucemia ainda é cercada de mistérios, até mesmo para os pesquisadores. Ainda não se sabe exatamente o que causa a doença – fatores genéticos e ambientais são fortes candidatos a aumentar os riscos de seu desenvolvimento.

Nesse sentido, vale ficar atento à segurança do trabalho, já que algumas profissões estão mais expostas a produtos químicos que podem aumentar as chances do surgimento de certos tipos de leucemia.

HES - Fevereiro Laranja - Leucemia - Imagens internas

Em junho do ano passado, o Ministério da Saúde divulgou um material de apoio (encontre o link ao final do texto!) em que apontava certas profissões como tendo maior exposição a agentes potencialmente cancerígenos. Dentre as profissões que exigem proteção adicional aos trabalhadores, estão:

 

AGRONEGÓCIO

  • Profissionais que aplicam agrotóxicos e agentes de endemia;

 

PETROQUÍMICOS

  • Deve tomar cuidado adicional com proteção pessoal quem trabalha na produção de solventes, em postos de gasolina e na produção de borrachas, resinas e plásticos.

 

SETOR DE SERVIÇOS

  • Profissionais de salão de beleza;
  • Quem trabalha na esterilização de materiais médico-cirúrgicos, hospitalares, farmacêuticos, veterinários e de alimentos;
  • Distribuição de óxido de etileno.

 

NUCLEAR

  • Profissionais de radiologia;
  • Quem trabalha em usinas nucleares;
  • Mineração subterrânea.

 

De acordo com o Ministério da Saúde, eliminando-se os agentes cancerígenos dos locais de trabalho, seria possível evitar até 37% dos casos de câncer em homens e 9% em mulheres.

 

Como estão os tratamentos para a leucemia atualmente?

Hoje em dia, a pessoa com leucemia receberá atendimento especializado de uma vasta e multidisciplinar equipe médica – que inclui hematologista, oncologista, enfermeiros, nutricionistas e psicólogos –, que fornecerá todo o suporte necessário à luta contra a doença.

A partir dos resultados de exames, a equipe poderá determinar o tipo e a severidade do caso, assim como o tratamento mais adequado. Os quatro tipos básicos são: quimioterapia, radioterapia, imunoterapia e transplante de medula óssea.

Quimioterapia: é o tipo de tratamento mais comum. Um medicamento – ou uma combinação de medicamentos – é utilizado para destruir as células cancerosas, podendo ser administrado por via oral ou intravenosa.

Radioterapia: alguns casos de leucemia exigem o tratamento com raios-X (ou outras formas de radiação de alta energia), direcionados a pontos específicos do corpo ou ao organismo inteiro. A radioterapia também pode ser usada como preparação para um transplante de medula óssea.

Imunoterapia: a estratégia da imunoterapia é utilizar o próprio sistema de defesa do corpo para localizar e destruir as células cancerosas. Medicamentos específicos permitem que o corpo identifique essas células.

Transplante de medula óssea: para casos mais graves ou urgentes, o transplante é indicado. Nesses procedimentos, é feita a ‘substituição’ das células-tronco da medula óssea. A pessoa recebe células-tronco saudáveis, capazes de gerar células do sangue (como os glóbulos brancos) também saudáveis.

Vamos entender um pouco mais a fundo como funciona o transplante.

 

O transplante de medula óssea

Conforme discutimos no início do texto, a leucemia é decorrente da produção de células do sangue defeituosas, geradas a partir de células-tronco da medula óssea. Como resolver esse problema? Substituindo essas células-tronco por versões “saudáveis”, que produzirão células do sangue “normais”! E como fazer essa “substituição”?

A estratégia é a seguinte: primeiro, o paciente recebe doses altas de quimioterapia ou de radioterapia, a fim de destruir as células-tronco “problemáticas” da medula óssea. Depois, ele recebe o transplante de células-tronco saudáveis, que ajudam a “reconstruir” a medula e passam a produzir células do sangue também saudáveis.

O transplante pode ser feito utilizando células-tronco do próprio paciente (processo chamado de transplante autogênico ou autólogo) ou de outra pessoa (alogênico)

Como se trata de células muito específicas, é preciso que haja compatibilidade entre doador e receptor (é como uma transfusão de sangue: nem todos os tipos de sangue podem ser utilizados por uma pessoa!). Por isso, os transplantes autogênicos são os mais indicados. Mas nem sempre eles são possíveis. Então, deve-se buscar compatibilidade com outras pessoas – e essa compatibilidade é bastante restrita.

Quando uma pessoa precisa receber transplante, primeiro busca-se por potenciais doadores na família, em parentes de 1º grau. Caso um match não seja identificado, pode-se utilizar um banco de medula óssea para procurar, ali, compatibilidade.

 

Doe medula óssea – um gesto incomparável de amor ao próximo!

Se você tem boas condições de saúde, não tem câncer ou doenças do sangue ou do sistema imunológico, estiver livre de infecções e na faixa etária de 18 a 55 anos, poderá ser um doador de medula óssea – ajudando, assim, de forma direta, a salvar vidas!

HES - Fevereiro Laranja - Leucemia - Imagens internas - doe medula ossea

Informe-se em qualquer hemocentro de sua cidade como fazer para ser um doador. A doação de medula, em si, apenas acontece se encontrarem um receptor compatível com as suas células (o que pode levar anos para acontecer). O processo inicial envolverá somente a coleta de 5mL de sangue para os testes de compatibilidade. Os resultados ficarão registrados em um sistema centralizado do governo federal – o Registro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome).

Toda vez que uma pessoa precisar receber uma doação de medula óssea, os médicos buscarão no Redome se há doadores compatíveis com ela. Havendo compatibilidade, o doador é convidado a realizar a doação de medula de fato.

Então, o doador se encaminhará até um centro cirúrgico. O procedimento de coleta da medula é feito sob anestesia e demora mais ou menos 02 horas. Nesse período, são realizadas punções nos ossos da bacia, a partir das quais a medula saudável é aspirada. O processo não compromete de maneira alguma a saúde do doador – a medula se recompõe por completo em poucas semanas! – e apresenta riscos mínimos (meramente porque é cirúrgico).

Essa medula óssea saudável será transplantada para a pessoa doente, substituindo a medula antiga. Tudo dando certo, as novas células-tronco passarão a produzir células do sangue perfeitamente normais – incluindo os glóbulos brancos –, e o receptor estará curado da leucemia.

Já pensou como seria bom saber que você ajudou alguém a ficar curado de uma doença tão impactante?

 

Um novo sinônimo para fevereiro!

Fevereiro é sinônimo de Carnaval, mas bem que poderia ser, também, de doação, não é mesmo?

Agora que conhecemos um pouco melhor o que é a leucemia, seu impacto na saúde de milhares de pessoas em todo o Brasil e sabemos que é possível ajudar os pacientes por meio da doação voluntária de medula óssea, aproveitemos este mês para abrir o coração e ajudarmos o próximo a curtir ainda muitos Carnavais no futuro – com a saúde recuperada e uma medula óssea novamente forte e saudável!

Procure o hemocentro mais próximo e informe-se sobre como ser um(a) doador(a)!

 

Para saber mais:

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